segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Eu acredito!

Partilho convosco este vídeo que dá muito que pensar.

sábado, 21 de novembro de 2009

Occam's razor partilhado

entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem
(as entidades não devem ser multiplicadas além do necessário)

Consiste num princípio lógico atribuído ao filósofo inglês do século XIV, William of Ockham, que enuncia que a explicação para um fenómeno deverá assumir o menor número de pressupostos possível, eliminando aqueles que em nada contribuem para a hipótese explicativa.
A explicação para um acontecimento tende a ser a mais lógica possível. A que depender de menos variáveis.
Vezes e vezes sem conta, damos asas à nossa imaginação para explicar ou justificar determinados actos ou atitudes. Não perguntamos. Preferimos ter a nossa realidade do que simplesmente ir ao âmago, esperar, ver, deixar que a explicação se dê por isso. E, até que isso aconteça, para bem da nossa saúde mental, devíamos seguir este princípio com mais de 600 anos.
A realidade está à distância de um pensamento lógico.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Dos ninhos voam poemas

Dos ninhos voam poemas
com asas de fada.
Nas nuvens nascem os rios,
concretos vazios,
que nos juncos das margens,
entoam cantigas do tudo e do nada.
Nos ventres se rasgam feitiços,
e se amam os céus de quem já não volta,
de quem se perdeu.
Nos teus seios nascem receios,
e dos meus medos os teus segredos.

A vida esconde-se nas cordas que vibram
do violino que toca,
na voz que me embala nesta rua vazia,
na porta fechada,
sem postigo, sem nada.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

My eyes of you



You're just to good to be true

Somewhere over the rain

Porque amo a chuva? Porque me faz falta.
Sou a planta que no solo ressequido anseia as gotas. Sou o sol que tímido espera as nuvens para se esconder.
Quando a chuva me bate no rosto, não bate, beija-me como uma benção chorada dos céus.
Nasci no campo.
Nas tardes de Outono, punha-me à janela da pequena sala por detrás do arco e deliciava-me a ver o verde das encostas receber a incessante chuva. Quando começava a chover, passavam dias até que parásse. O som da natureza nessas tardes acompanha-me ainda. Aquele doce chicotear dos campos, aquele cativante pingar dos beirados, o sacudir dos cachorros e o seu suspirar, deitados no alpendre.
A chuva fazia parar as gentes. No campo ainda se respeitam os prazos da natureza. As cidades são hipócritas e decadentes. Fazem-nos sentir senhores do mundo e, talvez por isso, já não paremos para olhar a chuva, já não sintamos a sua falta. Chover tornou-se um contratempo, uma demora no dia que passamos, que temos que passar, a correr.
O tempo já não é o que era, vaticinam os velhos do jardim nos seus bancos de ripas vermelhas aos que passam apressados. A eles, a chuva não incomoda, já não têm onde ir, limitam-se a esperar, a ver, a admirar o que os envolve, a recordar quando eles próprios corriam.
Todos temos, um dia, que parar para ver.
Todos temos que sentir a chuva, deixá-la escorrer pelos braços, pelo rosto, ensopar suavemente a roupa, colando-a ao corpo.
Todos temos que chegar a casa, metermo-nos debaixo de água quente, e sentir o comforto que isso dá.
Todos temos que sentir a falta para depois dar valor.

Eu sinto falta da chuva.

Os sonhadores


Dizia Luís Sepúlveda ontem à noite na RTP2, que os sonhadores se reconhecem uns aos outros após trocarem breves palavras. Não podia concordar mais.

sábado, 14 de novembro de 2009

Uma réstea de sol no mar


Desligo o motor do carro e fico a contemplar, através do vidro, a praia salpicada de veraneantes de final de Outono.
O calor teima em não partir neste Novembro atípico.
Bato a porta com alguma impaciência e dirijo-me para a praia. Quero sentir a areia sob os meus pés, o sabor do mar a invadir-me, como se se pudesse mastigar, como se se pudesse abraçar.
As vozes deslumbradas acompanham-me areal dentro, à medida que me aproximo da rebentação, daquela espuma tímida de um mar de calmaria.
Já mesmo à beirinha, detenho-me a olhar o pôr do sol. Está tão próximo que sinto poder tocá-lo, sentir o seu calor a findar na ponta dos meus dedos.
Deus está em cada sorriso que a Natureza nos dá e este fim de dia revolta-me a alma.
Como um apaixonado olhando a sua amada, perco-me de amores por este fim de dia. Não quero que acabe nunca, não quero que vá embora, não quero ficar só na escuridão que ameaça chegar.
Ao longe, o horizonte faz uma lâmina perfeita que corta, a pouco e pouco, o sol alaranjado, primeiro a meio, depois três quartos, e, por fim, a despedida total.
A saudade invade-me de forma inesperada, mas como em todos os momentos de angústia, a esperança espreita, e sei, bem dentro de mim, que amanhã ele voltará a nascer e voltarei a ter um pôr do sol para me apaixonar, ao fim da tarde numa praia qualquer.