terça-feira, 27 de outubro de 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

Pó e Sombras



Somos o pó das coisas.
As suas sombras ao luar e ao sol.
Carregamos a essência do mundo aos ombros, as estrelas cadentes das noites frias. Somos o vago e o inconceptível. A verdade escondida num olhar esquivo.
Os dias são eternos carnavais em que carregamos as máscaras com desfaçatez.
Imperturbáveis à realidade exterior, povoamos o nosso íntimo de guerras e pombas brancas. Colonizamos territórios desconhecidos que, ao vivermos, vamos descobrindo e nos abrem novos horizontes.
Somos imperialistas do nosso mundo. Ditadores ferozes, aversos à revolução, alérgicos aos cravos que, mais cedo ou mais tarde acabam por chegar. Obrigam-se a chegar, porque todos mudamos, por mais que temamos a mudança.
Somos amantes e cruéis. O verso e o reverso.
Acordamos um dia e nada é como era. Desejamos voltar atrás e a vida já passou. A água que procuramos já se diluiu no mar que não queremos.
Acordamos outro dia e espelhamo-nos no futuro. Gostamos do que vemos e corremos para o ter, esquecendo que é na estação que se espera o comboio e não no meio da linha.

No céu, a noite está fria, a terra quente, e nós, nós somos apenas pó e sombras.